domingo, 21 de outubro de 2012

PARNASIANISMO




                                                             PARNASIANISMO

O Parnasianismo foi um movimento literário e contemporâneo surgido na França, em meados séc. XIX, apenas ocorrendo na poesia. Como pioneiros nesse movimento, são considerados os fundadores Théophile Gautier e Leconte de Lisle. Deu-se esse nome ao movimento graças a uma coletânea publicada pelo artista Lemerre (Parnase Contemporain), que reuniu grandiosos e novos poetas. Além disso, seu nome representa uma montanha grega, o Monte Parnaso, na qual os poetas buscavam inspiração.

Para o surgimento desse acontecimento, foi necessário declinar o excesso de romantismo e de sentimentalismo confidencial, contribuindo então para originar essas mesmas temáticas em um conteúdo de âmbito geral. O parnasianismo combatia a subjetividade típica do romantismo, que dispensava qualquer reação de tristeza sentimental.

Esse movimento deu início ao lema ‘’arte pela arte’’, que enfatizava a extrema perfeição, colocando-a mesma socialmente. A poesia se tornou importante onde os próprios poetas consideravam esse estilo o mais magnífico de todos os tempos. O parnasianismo evidenciava a estética, dando importância à beleza.
O movimento findou no início do séc. XX, quando um novo movimento na qual chamado Simbolismo surgiu.

Parnasianismo no Brasil
O Parnasianismo no Brasil foi iniciado e marcado por vários acontecimentos históricos, nos quais:

·         Deu-se início na década de 1880;
·         Fim do regime imperial e escravocrata;
·         A Proclamação da República;
·         Desenvolvimento e a estabilidade financeira;
·         Progresso;
·         Divulgação do movimento através dos jornais da época;
·         Conflito entre o romantismo e o parnasianismo;

No contexto histórico do movimento, partiu-se inicialmente por principais artistas que apoiaram e divulgaram o movimento, foram eles: Sílvio Romero e Tobias Barreto, e que os mesmos influenciaram artistas brasileiros a produzirem obras parnasianas. A obra que marcou a entrada do parnasianismo foi Fanfarras, de Teófilo Dias.

Como artistas e obras principais do movimento brasileiro a participarem, podemos citar:
- Alberto de Oliveira. Obras principais: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia Brasileira (1916);
- Raimundo Correia. Obras principais: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898);
- Olavo Bilac. Obras principais: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913);

Características do Parnasianismo



          As características principais do Parnasianismo foram:
  • A arte pela arte: apenas a estética e a busca pela perfeição importava nas obras parnasianas;
  • Linguagem culta e rebuscada;
  • Movimento anti-romantismo;
  • Objetividade e racionalidade;
  • Culto da forma - representada pelos sonetos, versos alexandrinos (12 sílabas poéticas com rimas ricas e perfeitas);
  • Descrição a natureza;
  • Poesia filosófica e clássica;
  • A razão, o universalismo e o antropocentrismo;
  •  Como uso da temática em seus poemas a antiguidade clássica, retratando heróis, personagens históricos, etc...
  • Negação ao sentimentalismo;
O acontecimento no Brasil findou por volta de 1890, quando ocorreu seu declínio para a chegada de novos movimentos de a arte literária, o Simbolismo e o Modernismo.



OLAVO BILAC

  Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de dezembro de 1865, estreando na literatura em 1879, com o volume de poesias Primeiros sonhos, com experiência ainda romântica. Bilac foi o mais popular entre os parnasianos participando, também muito da política no final deste mesmo século. Sua participação na política do Brasil e em campanhas civis foram as mais famosas, e que em favor do serviço militar obrigatório e na linha patriótica, compôs a letra do Hino à Bandeira.
  Republicano e nacionalista, suas principais obras foram: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências Literárias (1906), Dicionário e Rimas (1913), Tratado de Versificação (1910), Ironia e Piedade, Crônicas (1916), Tarde (1919). Publicou a primeira obra em 1888, na qual se chamou Poesias, tornando-se o mais popular entre os parnasianos brasileiros. Na obra, encontram-se sonetos de “Via-Láctea” e a antológica “Profissão de Fé”, onde reuniu seu credo estético, que se separa do culto do estilo, pela pureza da forma e da linguagem, tendo a simplicidade como resultado do trabalhoSeus poemas que tiveram mais destaque foram: Ouvir Estrelas, Profissão de Fé, Língua Portuguesa e Velhas Árvores.
   Quando jovem, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas foi expulso no quarto ano, acusado de necrofilia (ato de sexo com cadáveres). Aos 22 anos, Bilac quis abandonar sua tradição familiar que o levaria ao exercício da medicina e optou definitivamente por uma carreira intelectual, cursando Direito em S. Paulo, que logo após não obteve bons resultados e acabou por desistir, pois não havia passado no primeiro ano. Residenciando no RJ começou a se dedicar ao jornalismo e a literatura. Mesmo interagindo muito na política, Bilac nunca deixara a poesia, por isso, foi eleito o "Príncipe dos Poetas". Fora da poesia parnasiana, Bilac se mostrou diferente, descrevendo e ironizando em um de seus poemas o ditador Floriano Peixoto, com quem teve uma provável briga na política, e por quem foi perseguido.
  Bilac faleceu no dia 28 de dezembro de 1918, no RJ, e sua morte foi destaque em todos os jornais.
Ainda que digam que os parnasianos possuem características anti-românticas, observa-se em Bilac um homem com traços do romantismo, sendo sensitivo é tomado pela reflexão, abordando vários temas como a saudade, a velhice e a morte.

Remorso - Olavo Bilac    
Olavo Bilac, em suas obras, busca expressar seu mundo interior, traçando características únicas de sua personalidade. Englobado também por características de sua época (Parnasianismo), em suas obras são encontrados muitos aspectos característicos do Parnasianismo.

Em seu poema Remorso, Olavo Bilac envolve algumas características destacadas a seguir:
  
·         ·         Habilidade na criação dos versos: Esta característica se mostra quando, ao analisarmos o poema, percebemos o cuidado ao cria-lo, em que cada frase, oração do poema mostra a delicadeza e a calma em criar o poema, destacando assim a habilidade na criação dos versos. Ainda mais, Olavo Bilac que, abandonou duas faculdades para se dedicar a arte, isso é também, uma prova de que ele tem uma enorme habilidade ao criar suas obras.
·         ·                Preferência pelo soneto: Em sua obra é claramente percebido que Olavo Bilac tinha esta preferência ao criar suas obras. O poema Remorso é um bom exemplo disto, por ser um poema rico em belos versos, e contém explicitamente a preferência de estruturas fixas encontradas em sonetos.
·         ·         Objetividade: Encontramos a presença da objetividade no poema, ao observarmos as palavras que dão uma ênfase a mais no texto, característica do objetivismo. Percebemos a presença da objetividade quando percebemos a dor, empregada no poema, que é causada pelo sentimento que não foi exposto e que ele guardou pra si, ou seja, foi um arrependimento que ele teve, por não ter falo o que sentia na juventude, um "silêncio", que o privou de aproveitar sua juventude. Os temas baseados na realidade deixam de fora qualquer tipo de subjetivismo e também evita usar palavras da mesma classe gramatical deixando assim o conteúdo da poesia muito mais rica.
·         ·         Rimas ricas: Em seus versos, percebemos a presença de rimas ricas, ele se mantém atento para a forma e o cuidado com as palavras, englobando a perfeição dos versos com as diversas características do Parnasianismo.
·         ·         Encadeamento sintático: Olavo Bilac faz uso, também, do encadeamento sintático, quando não termina uma ideia em um verso, devido ao número de sílabas, e continua no verso posterior. Isso é uma característica bem marcante do Parnasianismo e que evidencia ainda mais a busca pela forma perfeita, pela estrutura ímpar de sua obra e isto é bem presente nas obras de Olavo Bilac.

Estas são algumas das características presentes no poema, há muitas outras, mas estas são as mais claras no poema e as mais importantes características do Parnasianismo.

Análise:
           O poema Remorso de Olavo Bilac de forma eloquente relata seu arrependimento em não viver intensamente sua juventude. Ele expressa seu sentimento de dor que foi causada por sua restrição em aproveitar seus amores, fazendo uma autoanálise de suas atitudes, ou a falta de atitudes, que acarretaram em mágoas marcadas por muito tempo em seu profundo, cravadas em sua lembrança, não tão agradável de relembrar. Em sua época, Parnasiana, Olavo em seu poema Remorso, abrange uma "moral" da história, através de seu poema, o autor mostra em suas rimas ricas que o remorso é um sentimento de arrependimento que vem depois, com o tempo, martirizando suas lembranças, alavancando uma dor eterna sobre sua vida, por não ter aproveitado oportunidades que se foram e não voltam mais. São como o vento, umas vezes perdidas ou uma vez aproveitadas! Cabe a você decidir se é melhor aproveitar ou deixar escapar oportunidades unicamente trazidas em suas mãos.

           O tema do poema já descreve todo o sentido, mas é claro que, depois de lido, o poema causa um impacto bem mais profundo e que nos faz refletir sobre a vida e os quantos nos deixaram levar pelo medo, pela insegurança, pela timidez e assim, deixamos escapar oportunidades que não voltam mais, gerando um arrependimento que ocasiona o remorso.
Refletindo agora em cima do tema do poema, percebemos que o Remorso, diferente de outros sentimentos, não pode ser compartilhado com outras pessoas. O remorso é unicamente seu e cabe somente a si próprio conviver com ele, pois o remorso é fruto de um arrependimento que só você sente, de uma oportunidade que só você perdeu. Não é justo que outros sofram ou vivam junto à você este remorso causado por você mesmo, e mesmo que tentem, é impossível que alguém tome sua dor pra si, com a mesma intensidade que a dor realmente dói. A dor é única e dói não só por doer, e sim porque suas lembranças, que te martirizam de maneira a aumentar ainda mais este remorso. E talvez esta seja a pior parte deste sentimento, onde no ápice de sua dor, você não pode compartilhá-la com ninguém, é por sua obrigação usufruí-la unicamente só, até que em algum momento de sua vida você a tire do seu coração, de sua lembrança, (ainda que, achemos isto impossível) e consiga viver em paz. E se um dia conseguir esta dádiva, de apagar de sua lembrança a dor que te traz remorso, mostre-nos a fórmula e ajude a todos os que sofrem por sentir este doloroso sentimento.


Remorso

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse.



Grupo: Bianca Aparecida, Juliany Santos, Karina Nascimento , Letícia Velasco e Mariana Souza.

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