PARNASIANISMO
O Parnasianismo foi
um movimento literário e contemporâneo surgido na França, em
meados séc. XIX, apenas ocorrendo na poesia. Como pioneiros nesse
movimento, são considerados os fundadores Théophile Gautier e Leconte de
Lisle. Deu-se esse nome ao movimento graças a uma coletânea publicada
pelo artista Lemerre (Parnase Contemporain), que reuniu grandiosos e
novos poetas. Além disso, seu nome representa uma montanha grega,
o Monte Parnaso, na qual os poetas buscavam inspiração.
Para o surgimento
desse acontecimento, foi necessário declinar o excesso de romantismo e de
sentimentalismo confidencial, contribuindo então
para originar essas mesmas temáticas em um conteúdo de âmbito
geral. O parnasianismo combatia a subjetividade típica do
romantismo, que dispensava qualquer reação de tristeza sentimental.
Esse movimento deu
início ao lema ‘’arte pela arte’’, que enfatizava a extrema perfeição,
colocando-a mesma socialmente. A poesia se tornou importante onde os
próprios poetas consideravam esse estilo o mais magnífico de todos os tempos. O
parnasianismo evidenciava a estética, dando importância à beleza.
O movimento findou
no início do séc. XX, quando um novo movimento na qual chamado Simbolismo
surgiu.
Parnasianismo no
Brasil
O Parnasianismo no
Brasil foi iniciado e marcado por vários acontecimentos históricos, nos quais:
·
Deu-se início na década de 1880;
·
Fim do regime imperial e escravocrata;
·
A Proclamação da
República;
·
Desenvolvimento e a estabilidade financeira;
·
Progresso;
·
Divulgação do movimento através dos jornais da época;
·
Conflito entre o romantismo e o parnasianismo;
No contexto histórico do movimento, partiu-se
inicialmente por principais artistas que apoiaram e divulgaram o movimento,
foram eles: Sílvio Romero e Tobias Barreto, e que os mesmos influenciaram
artistas brasileiros a produzirem obras parnasianas. A obra que marcou a entrada
do parnasianismo foi Fanfarras, de Teófilo Dias.
Como artistas e obras principais do movimento
brasileiro a participarem, podemos citar:
- Alberto de Oliveira. Obras principais: Meridionais
(1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto
da Forma na Poesia Brasileira (1916);
- Raimundo Correia. Obras principais: Primeiros
Sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias
(1898);
- Olavo Bilac. Obras principais: Poesias (1888),
Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias
(1906), Dicionário de rimas (1913);
Características do Parnasianismo
As características principais do Parnasianismo foram:
- A arte pela arte: apenas a estética e a busca pela perfeição importava nas obras parnasianas;
- Linguagem culta e rebuscada;
- Movimento anti-romantismo;
- Objetividade e racionalidade;
- Culto da forma - representada pelos sonetos, versos alexandrinos (12 sílabas poéticas com rimas ricas e perfeitas);
- Descrição a natureza;
- Poesia filosófica e clássica;
- A razão, o universalismo e o antropocentrismo;
- Como uso da temática em seus poemas a antiguidade clássica, retratando heróis, personagens históricos, etc...
- Negação ao sentimentalismo;
O acontecimento no Brasil findou por volta de 1890,
quando ocorreu seu declínio para a chegada de novos movimentos de a arte
literária, o Simbolismo e o Modernismo.
OLAVO BILAC
Olavo
Braz Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 16 de
dezembro de 1865, estreando na literatura em 1879, com o volume de poesias
Primeiros sonhos, com experiência
ainda romântica. Bilac foi o mais popular entre os parnasianos
participando, também muito da política no final deste mesmo século. Sua participação
na política do Brasil e em campanhas civis foram as mais famosas, e que em
favor do serviço militar obrigatório e na linha patriótica, compôs a letra
do Hino à Bandeira.
Republicano
e nacionalista, suas principais obras foram: Poesias (1888), Crônicas e
novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências Literárias (1906),
Dicionário e Rimas (1913), Tratado de Versificação (1910), Ironia e
Piedade, Crônicas (1916), Tarde (1919). Publicou a primeira obra em
1888, na qual se chamou Poesias, tornando-se o mais popular entre os
parnasianos brasileiros. Na obra, encontram-se
sonetos de “Via-Láctea” e a antológica “Profissão de Fé”, onde reuniu seu credo
estético, que se separa do culto do estilo, pela pureza da forma e da linguagem,
tendo a simplicidade como resultado do trabalho. Seus poemas que tiveram mais destaque
foram: Ouvir Estrelas, Profissão de Fé, Língua Portuguesa e Velhas
Árvores.
Quando jovem, matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas foi
expulso no quarto ano, acusado de necrofilia (ato de sexo com cadáveres). Aos 22 anos, Bilac
quis abandonar
sua tradição familiar que o levaria ao exercício da medicina e optou definitivamente por uma carreira intelectual,
cursando Direito em S. Paulo, que logo após não obteve bons
resultados e acabou por desistir, pois não havia passado no
primeiro ano. Residenciando no RJ começou a se dedicar ao jornalismo e a
literatura. Mesmo interagindo muito na política, Bilac nunca deixara a poesia,
por isso, foi eleito o "Príncipe dos Poetas". Fora da poesia
parnasiana, Bilac se mostrou diferente, descrevendo e ironizando em um de seus
poemas o ditador Floriano Peixoto, com quem teve uma provável briga
na política, e por quem foi perseguido.
Bilac faleceu no dia 28 de dezembro de 1918, no RJ, e sua morte foi destaque em
todos os jornais.
Remorso - Olavo Bilac
Olavo Bilac, em suas obras, busca expressar seu mundo
interior, traçando características únicas de sua personalidade. Englobado
também por características de sua época (Parnasianismo), em suas obras são
encontrados muitos aspectos característicos do Parnasianismo.
Em seu poema Remorso, Olavo Bilac envolve algumas
características destacadas a seguir:
·
· Habilidade
na criação dos versos: Esta característica se mostra quando, ao analisarmos o
poema, percebemos o cuidado ao cria-lo, em que cada frase, oração do poema
mostra a delicadeza e a calma em criar o poema, destacando assim a habilidade
na criação dos versos. Ainda mais, Olavo Bilac que, abandonou duas faculdades
para se dedicar a arte, isso é também, uma prova de que ele tem uma enorme habilidade
ao criar suas obras.
·
·
Preferência pelo soneto: Em sua obra é claramente
percebido que Olavo Bilac tinha esta preferência ao criar suas obras. O poema
Remorso é um bom exemplo disto, por ser um poema rico em belos versos, e contém
explicitamente a preferência de estruturas fixas encontradas em sonetos.
·
· Objetividade:
Encontramos a presença da objetividade no poema, ao observarmos as palavras que
dão uma ênfase a mais no texto, característica do objetivismo. Percebemos a
presença da objetividade quando percebemos a dor, empregada no poema, que é
causada pelo sentimento que não foi exposto e que ele guardou pra si, ou seja,
foi um arrependimento que ele teve, por não ter falo o que sentia na juventude,
um "silêncio", que o privou de aproveitar sua juventude. Os temas
baseados na realidade deixam de fora qualquer tipo de subjetivismo e também
evita usar palavras da mesma classe gramatical deixando assim o conteúdo da
poesia muito mais rica.
·
· Rimas
ricas: Em seus versos, percebemos a presença de rimas ricas, ele se mantém
atento para a forma e o cuidado com as palavras, englobando a perfeição dos
versos com as diversas características do Parnasianismo.
·
· Encadeamento
sintático: Olavo Bilac faz uso, também, do encadeamento sintático, quando não
termina uma ideia em um verso, devido ao número de sílabas, e continua no verso
posterior. Isso é uma característica bem marcante do Parnasianismo e que
evidencia ainda mais a busca pela forma perfeita, pela estrutura ímpar de sua
obra e isto é bem presente nas obras de Olavo Bilac.
Estas são algumas das características presentes no
poema, há muitas outras, mas estas são as mais claras no poema e as mais
importantes características do Parnasianismo.
Análise:
O poema
Remorso de Olavo Bilac de forma eloquente relata seu arrependimento em não
viver intensamente sua juventude. Ele expressa seu sentimento de dor que foi
causada por sua restrição em aproveitar seus amores, fazendo uma autoanálise de
suas atitudes, ou a falta de atitudes, que acarretaram em mágoas marcadas por
muito tempo em seu profundo, cravadas em sua lembrança, não tão agradável de
relembrar. Em sua época, Parnasiana, Olavo em seu poema Remorso, abrange uma
"moral" da história, através de seu poema, o autor mostra em suas
rimas ricas que o remorso é um sentimento de arrependimento que vem depois, com
o tempo, martirizando suas lembranças, alavancando uma dor eterna sobre sua
vida, por não ter aproveitado oportunidades que se foram e não voltam mais. São
como o vento, umas vezes perdidas ou uma vez aproveitadas! Cabe a você decidir
se é melhor aproveitar ou deixar escapar oportunidades unicamente trazidas em
suas mãos.
O tema do poema já descreve todo o sentido,
mas é claro que, depois de lido, o poema causa um impacto bem mais profundo e
que nos faz refletir sobre a vida e os quantos nos deixaram levar pelo medo,
pela insegurança, pela timidez e assim, deixamos escapar oportunidades que não
voltam mais, gerando um arrependimento que ocasiona o remorso.
Refletindo
agora em cima do tema do poema, percebemos que o Remorso, diferente de outros
sentimentos, não pode ser compartilhado com outras pessoas. O remorso é
unicamente seu e cabe somente a si próprio conviver com ele, pois o remorso é
fruto de um arrependimento que só você sente, de uma oportunidade que só você
perdeu. Não é justo que outros sofram ou vivam junto à você este remorso
causado por você mesmo, e mesmo que tentem, é impossível que alguém tome sua
dor pra si, com a mesma intensidade que a dor realmente dói. A dor é única e
dói não só por doer, e sim porque suas lembranças, que te martirizam de maneira
a aumentar ainda mais este remorso. E talvez esta seja a pior parte deste
sentimento, onde no ápice de sua dor, você não pode compartilhá-la com ninguém,
é por sua obrigação usufruí-la unicamente só, até que em algum momento de sua
vida você a tire do seu coração, de sua lembrança, (ainda que, achemos isto
impossível) e consiga viver em paz. E se um dia conseguir esta dádiva, de
apagar de sua lembrança a dor que te traz remorso, mostre-nos a fórmula e ajude
a todos os que sofrem por sentir este doloroso sentimento.
Remorso
Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse.
Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse.
Grupo: Bianca Aparecida,
Juliany Santos, Karina Nascimento , Letícia Velasco e Mariana Souza.
Fonte: http://www.itaucultural.com.br, http://www.graudez.com.br, http://www.portalsaofrancisco.com.br, http://www.mundoeducacao.com.br.
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