sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os Decadentistas


Os Decadentistas

Em 1857, foi publicado na França o livro Flores do Mal, de Charles de Baudelaire. A obra deu corpo a um novo estilo literário chamado Simbolismo. Suas características se opõem aos três estilos contemporâneos (Realismo, Parnasianismo e Naturalismo) e está arraigado no Romantismo, de tal forma, que é colocado como sua intensificação, onde o autor passa por uma introspecção profunda em seu ser.
Buscam imagens do inconsciente e subconsciente, imagens sugestivas, ou seja, nada claras, o que mostra o emprego de subjetividade nos textos. É um movimento que abrangeu vários tipos de arte, inclusive a literatura, sobressaindo-se na poesia, onde também se preocupava com a forma e com as rimas, mas se opunha ao parnasianismo na sua visão de mundo.
Os simbolistas eram contra ao progresso que levava ao materialismo, refugiando-se no meio metafísico. “Em vez da "belle époque" do capitalismo financeiro e industrial, do imperialismo que se adotava de boa parte do mundo, temos o marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem por Mallarmé”, diz Maria Granzoto, Editora de Literatura Brasileira.
No final do séc. XIX, os simbolistas ganham distinção. Valorizavam o espiritualismo e o misticismo (a fé, a loucura, o sonho...), a sugestão (desconstrução da imagem, passando a “ver como se sente”), a sinestesia (figura de linguagem que mistura sentidos – audição, olfato..., ex.: o cheiro da luz), etc. Comumente, os poemas eram acompanhados de musicalidade.
Os artistas simbolistas eram apelidados de “decadentistas” por tal atitude. Dentre os principais, encontramos, internacionalmente, Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Stéphane Mallarmé e Paul Verlaine; e nacionalmente: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.
No Brasil, o simbolismo surge em na déc. 1890, um período conturbado: implantação de novo regime político (república) e sócio-econômico (adaptação à mão de obra remunerada com a abolição da escravatura) entre outras mudanças. Inicia-se com as obras Missal, em prosa, e Broqueis, em poesia, de Cruz e Sousa. Seu fim está ligado aos movimentos modernistas da déc. 1920.
O fim do simbolismo português também é decorrente de movimentos modernistas. Até 1915, ouve forte produção simbolista, que, também como no Brasil, fora influenciado pela França, o centro irradiador. Entre 1890 e 1891, Portugal sofria economicamente e seu povo desacreditava na monarquia que caiu em 1910. Os artistas então tinham uma visão depressiva do fato, inspirando-os. Eugênio de Castro, dentre outros importantes escritores como Antônio Nobre e Camilo Pessanha, publicou Oaristos em 1890, o marco inicial do simbolismo português.
www.youtube.com/watch?v=QocGQNrZuOc
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1738902


  • “O Estranho”

Arthur Rimbaud nasceu em Charleville, 20 de outubro de 1854 - Marselha, 10 de novembro de 1891, na França e era chamado por admiradores de “o estranho”, sendo até hoje um mistério sua poesia e sua personalidade. É encaixado no simbolismo literário e foi grande poeta, compondo desde o início da adolescência, escrevendo sobre seus sentimentos, revoluções da época e fatos ocorridos com ele mesmo, como o abuso sexual por soldados franceses.
Teve caso amoroso com outro simbolista: Paul Verlaine, o que fez Rimbaud viajar pela Europa. As paisagens e os acontecimentos contribuíram para as reflexões de Rimbaud em poesia e prosa. Suas principais obras foram: “Uma Estação no Inferno”, em 1873 e “Iluminações”, em 1886. Sua vida literária durou pouco, e aos vinte anos vai para a África, onde se torna traficante de armas.
Observe a análise de um de seus poemas:

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

“Ouroboros”, 19/10/2012

                    Podemos ver a bela sonoridade musical da poesia marcada de misticismo e de espiritualismo. Extremamente subjetivo, sugere a imagem do por do sol visto da praia, a qual substitui o sentimento de Rimbaud diante de algum fato indecifrável. Tema irreverente e expressivo, influenciado pelo impressionismo e suas tendências.
                     Porém, não há sinestesia nem aliteração, marcas difíceis de serem encontradas nos seus textos, ao contrário das metáforas. Rimbaud é encaixado no simbolismo por possuir características marcantes da escola literária colocadas acima. Assim, é posto também como gênio por montar um estilo próprio, semelhante ao simbolismo. Tal questão é discutida ainda hoje.


Karina Hotes, Lorenzzo, Mariluz, Natália Santos e Rayra.                                 

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